sábado, 2 de julho de 2016

Tristeza... “Essa noite não”...

A cidade enlouquece em sonhos tortos 
 Na verdade nada é o que parece ser 
As pessoas enlouquecem calmamente 
Viciosamente, sem prazer
(Essa noite não, Lobão, 1989)

Vivemos atualmente em uma sociedade que nos cobra “beleza, amor e poder” basicamente 24 horas por dia o ano inteiro, mas, infelizmente, a vida é feita de imprevistos e a letra da música do final do século passado continua bastante atual. As pessoas enlouquecem calmamente com sonhos tortos e exigências de um mundo capitalista que faz cada vez menos sentido.

O que nos torna humanos é justamente a capacidade de sentir e elaborar esta vivência, mas cada vez mais o sentir é posto embaixo do tapete e os seres humanos tornam-se máquinas que vivem o dia a dia buscando algo freneticamente. Em busca do quê, exatamente?


A maior expressão da angústia 
Pode ser a depressão 
 Algo que você pressente 
 Indefinível 
 Mas não tente se matar 
Pelo menos essa noite não
(Essa noite não, Lobão, 1989)


O vazio que vai aparecendo nos momentos em que as máquinas param e é possível respirar e olhar ao redor torna-se uma angústia indescritível, que não se consegue entender ou nomear; a vida não faz sentido e perde o seu brilho. As compras desenfreadas, as festas e as bebedeiras, o sexo e o consumismo tentam desesperadamente preencher essa lacuna que fica no sentido da existência humana. Afinal de contas, em meio a tantas dores e dificuldades para conseguir aquilo que a mídia diz que é preciso ter para ser importante e amado, qual o sentido disto tudo? Qual o sentido de toda esta luta?


As cortinas transparentes não revelam 
O que é solitude, o que é solidão
 Um desejo violento bate sem querer
Pânico, vertigem, obsessão
(Essa noite não, Lobão, 1989)


Os desejos e os quereres confundem-se com o que se espera da pessoa. E, algumas vezes, acaba-se por perder os sonhos que outrora foram essenciais para se constituir como ser. Dessa forma, quando é que realmente nos defrontamos com o estar sozinho consigo mesmo em uma jornada para se conhecer e quando simplesmente estar só é aterrorizador porque iremos nos deparar com a nossa verdadeira essência e o que há de bom e ruim nela?


Tá sozinha, tá sem onda, tá com medo 
Seus fantasmas, seu enredo, sem destino
 Toda noite uma imagem diferente 
Consciente, inconsciente, desatino
(Essa noite não, Lobão, 1989)


A maior expressão da angústia, a depressão e o desejo de não mais sofrer, podem ser vivenciados de formas desastrosas, danosas à saúde física e psíquica. Ou podem ser compreendidos como uma oportunidade para se reinventar, se redescobrir. Para isso é preciso coragem para falar e mexer naquilo que foi jogado embaixo do tapete... É uma oportunidade, de dizer “Tristeza, essa noite não! Essa noite quero aprender com você”. Ela pode ser a bússola que indica o que está de errado em sua trajetória e a guia para as próximas reflexões. 

E assim, o psicólogo pode ser aquele que irá lhe acompanhar nesta jornada frente ao redescobrimento de si mesmo, sendo testemunha do desabrochar e interlocutor das reflexões que o viver e as dores, alegrias e amores trazem a todo e qualquer ser humano.



Nenhum comentário:

Postar um comentário