Comunica... Ação...
Rosario Câmara
Quem de nós nunca teve problemas
devido a falta de comunicação, seja por medo de se expressar ou simplesmente
pensar que não vale apenas falar? Quem nunca falou uma coisa e aquele que
recebeu entendeu alguma coisa bem diferente? Acredito que metade dos problemas
humanos são os problemas de comunicação. Nem sempre falamos para os outros,
normalmente falamos para nós mesmos e temos a certeza que seremos entendidos e,
pior ainda, muitas vezes já sabemos o que os outros vão pensar e dizer...
Supomos... Adivinhamos... E se todo mundo age com a "certeza" do que
o outro pensou... Já viu, né?
A palavra comunicação é
proveniente do Latim communicatio e
tem o significado de tornar comum ou repartir. Vamos dividir a palavra: communis (público) + actio (ato) = ato de tornar público e,
adivinhem, a palavra é parente de "comunhão" que significa a
realização de algo em conjunto. Podemos entender, dessa forma, que ao
comunicarmos algo à alguém estamos compartilhando uma ideia para que algo em
conjunto possa ser realizado. Tendo isso em mente fica mais fácil compreender
porque se não conseguimos passar uma mensagem clara, acabamos por ter muitas
dores de cabeça.
De mal entendidos à não
acontecidos, saber falar o que sente é uma habilidade social que precisa ser
desenvolvida desde a infância. As crianças pequenas estão aprendendo o
repertório do comportamento social com o ambiente que a cerca, no entanto,
existem as emoções primárias (raiva, alegria, medo, tristeza, nojo, surpresa e
amor) que invadem a criança e, na maioria das vezes, faz com que elas passem
diretamente para a ação. Neste momento, cabe ao adulto e ao meio a ajuda para
identificar e expressar essa emoção de forma saudável. Entender o que está
acontecendo dentro de si e saber dizer aos outros isso pode ser comparado ao
fato de sentir fome e pedir comida. No entanto, tendemos a embaralhar tanto
emoções e sentimentos que isto não se torna tão simples. De imediato podemos
pensar que dizer "estou com fome e preciso comer" não é um ato tão
proibido como fazemos com a raiva. Se dizemos que estamos com raiva de alguém,
o mundo caí e somos alertados e orientados a não dizer isso, pois isso faz mal
ao espírito, ao corpo e tantas outras coisas que inventamos, mas o grande
problema é que "não dizer", não se refere também ao "não
sentir". E, o que aprendemos com isso? Não podemos expressar tudo que
sentimos.
Mas, será que se aprendermos a
conviver com as emoções e os sentimentos, sejam negativos ou positivos, e a
expressa-los sem acusar os outros, porém simplesmente falando de algo que
estamos vivenciando, como se contássemos uma experiência, e, aprendêssemos a
ouvir esses relatos sem tomar como uma ofensa, será que não ficaria muito mais
claro e mais fácil todas as nossas relações? Afinal, estaríamos finalmente
falando o que realmente estamos pensando sem o medo da retaliação e não
ficaríamos inventando quimeras que nos dizem os que os outros estão a pensar de
nós.
Lembre-se não é a sinceridade
escancarada da qual estamos tratando, mas sim de saber identificar e expressar
o que é nosso e o que é do outro. Saber diferenciar os atos das pessoas. Atos
cometidos não podem ser modificados, mas as pessoas, estás podem mudar, desde
que se possa compreendê-las, aceitá-las e, incentivá-las. Portanto, como você
anda falando com você mesmo e com o mundo que o cerca? Como você anda
"compartilhando" as suas "ações"?
P.s.:
· *As emoções
primárias estão muito bem retratadas na animação "Divertida Mente"
(2015) dos estúdios Disney-Pixar. Se ainda não assistiu, assista. Um ótimo
filme para assistir com a família.
· *Quimera é um
monstro mitológico com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente.
- -Publicado inicialmente em: http://www.agendasaude.net/2016/03/comunica-acao.html.
- -Publicado inicialmente em: http://www.agendasaude.net/2016/03/comunica-acao.html.

Nenhum comentário:
Postar um comentário