Vivemos em uma sociedade que cada dia mais precisa
categorizar tudo o que existe. Uma sociedade que deixa de vivenciar e de
experimentar as emoções e os sentimentos, além, de claro, negar veementemente
tudo aquilo que o ser humano tem de "ruim", assim digamos. No
entanto, que fique claro que esta sociedade a qual me refiro é a parte
ocidental do mundo, pois os orientais possuem uma filosofia de vida bastante
diferente da nossa. Tendo isso em mente, comecemos a falar sobre o título deste
artigo "Transtorno do Controle dos Impulsos".
Este transtorno refere-se àquelas
pessoas que possuem dificuldades em pensar antes de agir e vão logo para o ato...
Sabe aquelas explosões de raivas? Pois é, coisas do tipo... O transtorno não se
refere apenas à raiva, mas a diversos comportamentos em que a impulsividade
toma a tônica e a pessoa meio que "perde as estribeiras", não estando
sob efeito de medicamentos, álcool ou outro tipo de drogas ilícitas.
Simplesmente, a pessoa é tomada pela ação e acaba agindo sem pensar e as
consequências são sempre as mais desastrosas possíveis. Enfim, mesmo sendo
psicóloga e sabendo da necessidade de às vezes precisar ter um diagnóstico,
muitas vezes prefiro pensar que não é do diagnóstico ou de uma patologia
propriamente dita que se trata. Afinal de contas, por que é que este transtorno
só veio aparecer nos últimos cinquenta anos, digamos? Ou seja, prefiro descartar
o nome que a psiquiatria vem utilizando, pois existem várias controvérsias
sobre estes diagnósticos, e lidar com o que as pessoas estão sentindo, com a
experiência que está sendo vivenciada.
Pois bem, acompanhem o meu
raciocínio: já pensaram em quantas vezes guardamos os nossos sentimentos e
nossas "vontades" de fazer certas coisas, ou melhor, vamos para o que
o senso comum diria, pensem em quantas vezes "engolimos sapos"?
Conhecem a expressão, né? Pensem em quantas vezes gostariam de dizer "não",
mas o medo e a culpa do que os outros vão pensar e dizer lhes impediu. Apenas,
pensem na quantidade de vezes que vocês negaram àquela vontade de “matar
alguém” tamanha a raiva que lhe fez, incluindo pais, filhos e parceiros (as).
Pensaram? Encurtando e deixando bem simples (não que o seja): toda vez que não
damos voz ao nosso lado negro, às nossas angústias, nossas dores e negamos que
existe sim uma fera dentro de nós, damos oportunidade para que ela escape nos
momentos em que estivermos fragilizados ou nossas defesas estejam com a guarda
baixa. Aí, o lado impulsivo e sem controle aparece.

É isso que os orientais
entenderam há bastante tempo: o equilíbrio entre o bem e o mal que existe em
cada ser humano. Equilibrar o nosso lado negativo e positivo é dar oportunidade
para que os dois lados se expressem igualmente e lembrar que pensar e falar não
é fazer. Então, antes de partir ao ato, falar sobre essas "vontades"
é uma forma de dar um destino mais saudável a estes sentimentos que explodem
quando menos esperamos. Ou seja, não guardem tudo e esqueçam, negando que
existe sim essa realidade tão terrível dentro de nós. Lembrem-se da Lei da
Física que diz que uma ação corresponde a uma reação de igual força e tamanho.
E, para que você não vire um monstro em momentos inoportunos, traga-o para a
luz e converse com ele, apazigue-o. Se não consegue fazer sozinho, procure um
psicólogo, um amigo, alguém em quem confie, mas conheça-o e faça as pazes com
ele.
Publicado inicialmente em Agenda Saúde,

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