quarta-feira, 13 de julho de 2016

Transtorno do Controle Impulsivo... Será?

Vivemos em uma sociedade que cada dia mais precisa categorizar tudo o que existe. Uma sociedade que deixa de vivenciar e de experimentar as emoções e os sentimentos, além, de claro, negar veementemente tudo aquilo que o ser humano tem de "ruim", assim digamos. No entanto, que fique claro que esta sociedade a qual me refiro é a parte ocidental do mundo, pois os orientais possuem uma filosofia de vida bastante diferente da nossa. Tendo isso em mente, comecemos a falar sobre o título deste artigo "Transtorno do Controle dos Impulsos".

Este transtorno refere-se àquelas pessoas que possuem dificuldades em pensar antes de agir e vão logo para o ato... Sabe aquelas explosões de raivas? Pois é, coisas do tipo... O transtorno não se refere apenas à raiva, mas a diversos comportamentos em que a impulsividade toma a tônica e a pessoa meio que "perde as estribeiras", não estando sob efeito de medicamentos, álcool ou outro tipo de drogas ilícitas. Simplesmente, a pessoa é tomada pela ação e acaba agindo sem pensar e as consequências são sempre as mais desastrosas possíveis. Enfim, mesmo sendo psicóloga e sabendo da necessidade de às vezes precisar ter um diagnóstico, muitas vezes prefiro pensar que não é do diagnóstico ou de uma patologia propriamente dita que se trata. Afinal de contas, por que é que este transtorno só veio aparecer nos últimos cinquenta anos, digamos? Ou seja, prefiro descartar o nome que a psiquiatria vem utilizando, pois existem várias controvérsias sobre estes diagnósticos, e lidar com o que as pessoas estão sentindo, com a experiência que está sendo vivenciada.

Pois bem, acompanhem o meu raciocínio: já pensaram em quantas vezes guardamos os nossos sentimentos e nossas "vontades" de fazer certas coisas, ou melhor, vamos para o que o senso comum diria, pensem em quantas vezes "engolimos sapos"? Conhecem a expressão, né? Pensem em quantas vezes gostariam de dizer "não", mas o medo e a culpa do que os outros vão pensar e dizer lhes impediu. Apenas, pensem na quantidade de vezes que vocês negaram àquela vontade de “matar alguém” tamanha a raiva que lhe fez, incluindo pais, filhos e parceiros (as). Pensaram? Encurtando e deixando bem simples (não que o seja): toda vez que não damos voz ao nosso lado negro, às nossas angústias, nossas dores e negamos que existe sim uma fera dentro de nós, damos oportunidade para que ela escape nos momentos em que estivermos fragilizados ou nossas defesas estejam com a guarda baixa. Aí, o lado impulsivo e sem controle aparece.



É isso que os orientais entenderam há bastante tempo: o equilíbrio entre o bem e o mal que existe em cada ser humano. Equilibrar o nosso lado negativo e positivo é dar oportunidade para que os dois lados se expressem igualmente e lembrar que pensar e falar não é fazer. Então, antes de partir ao ato, falar sobre essas "vontades" é uma forma de dar um destino mais saudável a estes sentimentos que explodem quando menos esperamos. Ou seja, não guardem tudo e esqueçam, negando que existe sim essa realidade tão terrível dentro de nós. Lembrem-se da Lei da Física que diz que uma ação corresponde a uma reação de igual força e tamanho. E, para que você não vire um monstro em momentos inoportunos, traga-o para a luz e converse com ele, apazigue-o. Se não consegue fazer sozinho, procure um psicólogo, um amigo, alguém em quem confie, mas conheça-o e faça as pazes com ele.

Publicado inicialmente em Agenda Saúde,

Nenhum comentário:

Postar um comentário