Certa vez, quando eu era criança,
li um livro que falava que gente adulta esquecia-se do que era ser gente pequena e tendo em vista
algumas coisas que ocorrem por aí, devo concordar com a pequena personagem do
livro infantil*: até parece que gente adulta esquece o que é ser criança!
Pois é, os pai, hoje em dia,
parecem oscilar entre ideias do que esperar de seus filhos: ora esperam coisas
que estão para além da idade que eles possuem (exemplo: que crianças de 4 anos
de idade saibam esperar 30 minutos pacientemente e quietinhas), ora acham que
brincar com a criança é apenas sentar no chão e brincar de carrinho e boneca ou
correr e pular, ora querem que as crianças continuem dependentes como bebês (que
não podem fazer muita coisa sozinhos)! Nisso, as crianças vão ficando irrequietas
e nervosas com confusões que não são delas, mas sim dos adultos que as cercam,
que muitas vezes estão com dificuldade em encontrarem a sua própria criança
interior.
Ser pai e mãe é uma tarefa de
tempo integral que leva uma vida inteira, no entanto, o quanto os filhos vão
requerer esses pais vai se modificar a medida que estes vão crescendo e tornando-se
independentes. Ou seja, de princípio será necessário abrir mão de alguns
quereres, que pouco a pouco poderão ser repensados. Maternidade e Paternidade
não precisam ser prisões que enjaulam adultos. Por que não curtir praia e
programa com os filhos? Ou poder deixar os filhos com avós, tios e babás, e
sair em um encontro uma vez por semana ou uma vez por mês? Assim como os pais
precisam de um tempo longe de seus filhos para não enlouquecerem, as crianças
também adoram um tempo longe de seus pais! E na mágica da distância é possível
encontrar a saudade e o valor do reencontro e de novas histórias para contar.
Para que isso possa acontecer é
preciso que os pais confiem em si mesmo, nas pessoas com as quais deixam os
filhos e que confiem (principalmente!) nos próprios filhos e na educação que
lhes foi dada e na capacidade que eles (os filhos) tem de criar e se tornarem
pessoas independentes e capazes de cuidar de si mesmas ou de comunicar-se e
pedir ajuda caso necessário!
Assim, quando os pais orientam
mais os filhos ao invés de proibirem, e, respeitam suas individualidades, todos
vivem mais felizes! E, as crianças podem ser traquinas e pestinhas sem serem
tirânicas e mal com comportadas, ou portadoras de algum transtorno psicológico e
podem perguntar e questionar sem estarem ofendendo os pais e terem distúrbios
do comportamento. Tudo depende de qual lente se utiliza para conviver com a
criança. Pais que estão em contato com a sua, digamos, criança interior,
conseguem se identificar melhor com as necessidades infantis e entender que
tudo tem seu tempo e que nem tudo é maldade, cabendo aos pais ensinarem os
limites e os manterem até que elas possam lidar sozinha com eles, sem se
despedaçarem no processo. Pois, Como já dizia minha avó: “criança muito quieta,
é criança doente”! Assim sendo, criança com muita energia, é sinal que tem
saúde pra dar e vender! Então, por que adoecê-las?
Texto escrito em 28 de Junho 2016 para ser veiculado no Jornal Cidade em Garanhuns.

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