sábado, 9 de julho de 2016

Por uma infância com mais traquinagens!

Certa vez, quando eu era criança, li um livro que falava que gente adulta esquecia-se  do que era ser gente pequena e tendo em vista algumas coisas que ocorrem por aí, devo concordar com a pequena personagem do livro infantil*: até parece que gente adulta esquece o que é ser criança!

Pois é, os pai, hoje em dia, parecem oscilar entre ideias do que esperar de seus filhos: ora esperam coisas que estão para além da idade que eles possuem (exemplo: que crianças de 4 anos de idade saibam esperar 30 minutos pacientemente e quietinhas), ora acham que brincar com a criança é apenas sentar no chão e brincar de carrinho e boneca ou correr e pular, ora querem que as crianças continuem dependentes como bebês (que não podem fazer muita coisa sozinhos)! Nisso, as crianças vão ficando irrequietas e nervosas com confusões que não são delas, mas sim dos adultos que as cercam, que muitas vezes estão com dificuldade em encontrarem a sua própria criança interior.

Ser pai e mãe é uma tarefa de tempo integral que leva uma vida inteira, no entanto, o quanto os filhos vão requerer esses pais vai se modificar a medida que estes vão crescendo e tornando-se independentes. Ou seja, de princípio será necessário abrir mão de alguns quereres, que pouco a pouco poderão ser repensados. Maternidade e Paternidade não precisam ser prisões que enjaulam adultos. Por que não curtir praia e programa com os filhos? Ou poder deixar os filhos com avós, tios e babás, e sair em um encontro uma vez por semana ou uma vez por mês? Assim como os pais precisam de um tempo longe de seus filhos para não enlouquecerem, as crianças também adoram um tempo longe de seus pais! E na mágica da distância é possível encontrar a saudade e o valor do reencontro e de novas histórias para contar.

Para que isso possa acontecer é preciso que os pais confiem em si mesmo, nas pessoas com as quais deixam os filhos e que confiem (principalmente!) nos próprios filhos e na educação que lhes foi dada e na capacidade que eles (os filhos) tem de criar e se tornarem pessoas independentes e capazes de cuidar de si mesmas ou de comunicar-se e pedir ajuda caso necessário!

Assim, quando os pais orientam mais os filhos ao invés de proibirem, e, respeitam suas individualidades, todos vivem mais felizes! E, as crianças podem ser traquinas e pestinhas sem serem tirânicas e mal com comportadas, ou portadoras de algum transtorno psicológico e podem perguntar e questionar sem estarem ofendendo os pais e terem distúrbios do comportamento. Tudo depende de qual lente se utiliza para conviver com a criança. Pais que estão em contato com a sua, digamos, criança interior, conseguem se identificar melhor com as necessidades infantis e entender que tudo tem seu tempo e que nem tudo é maldade, cabendo aos pais ensinarem os limites e os manterem até que elas possam lidar sozinha com eles, sem se despedaçarem no processo. Pois, Como já dizia minha avó: “criança muito quieta, é criança doente”! Assim sendo, criança com muita energia, é sinal que tem saúde pra dar e vender! Então, por que adoecê-las?

*O livro em questão se chama "Se... Será, Serafina?" da Cristina Porto e impresso pela Atica Editora.
 Texto escrito em 28 de Junho  2016 para ser veiculado no Jornal Cidade em Garanhuns.

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