segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Psicoterapia de Grupo: Como? Quando? Por quê?

Para quem não conhece ou está entrando no mundo da psicoterapia pela primeira vez pode ser que o nome "Psicoterapia de Grupo" assuste. Como expor os seus sentimentos mais íntimos, aquilo que doí e até que não queremos ver, para várias pessoas que não lhe conhecem? Como confiar que elas não irão lhe julgar, nem sair contando o que ouviu na sessão por aí? São inibições e dúvidas que ocorrem, talvez, por não conhecer o que é a psicoterapia de grupo e para quê ela serve.

Se pensarmos bem, o ser humano está quase o tempo todo imerso em interações sociais, ou seja, está sempre dentro de um grupo. O primeiro grupo que podemos pensar é o familiar, nele temos o pequeno grupo da família nuclear, e um grupo maior formado pela família extensa, depois temos os grupos de amizade, escolares, de trabalho e por aí vai. Podemos concluir, portanto, que para entender o ser humano individualmente é necessário compreender a interação que ele possui com os grupos sociais nos quais convive.  A Psicoterapia de Grupo foi introduzida na década de 1940 e popularizou-se depois da Segunda Guerra Mundial ( Cartwright, s/d; Yalom, 2006) e embora tenha sido considerada um ramo da psiquiatria, seus fins terapêuticos são utilizados em diversos movimentos, como exemplo temos os Alcoólatras Anônimos  (A.A.), e recebeu uma influência muito forte dos estudos psicanalíticos e dos serviços sociais. Diversas modalidades da psicoterapia de grupo surgiram no decorrer do tempo, dentre elas o psicodrama e o sociodrama desenvolvidas por Moreno, os Grupos de apoio que não são grupos terapêuticos mas exercem uma função terapêutica, os grupos de orientação e etc. 

As psicoterapias de grupo possuem como foco as interações, proporcionando aos integrantes do grupo a identificação e o entendimento do que sai de errado em suas interações para que possam mudar o padrão de comportamento mal-adaptado. De uma certa forma, elas também proporcionam aos integrantes do grupo as seguintes experiências (Yalom, 2006):

  • Transmissão de esperança;
  • O descobrimento de que outras pessoas também passam pelo mesmo processo, ou seja, a universalidade do sofrimento;
  • O compartilhamento de informações;
  • O Altruísmo.
  • A revisão dos comportamentos aprendidos no grupo familiar primário e a modificação dos comportamentos mal-adaptados;
  • O desenvolvimento de técnicas de socialização mais afetivas;
  • O aprendizado de novos comportamentos pela imitação;
  • A troca de conhecimento;
  • Uma união do grupo que fortalece a ideia de que podem contar com outras pessoas encontrar ajudar e que podem ser aceitos apesar de seus defeitos;
  • A libertação dos sintomas, das dores e das ideias que fazem mal ao sujeito;
  • A constatação de fatores universais, exemplos: o reconhecimento que a vida às vezes é injusta; que não existe essencialmente uma saída da própria vida e para a morte; o reconhecimento que apesar de ter ajuda, ainda é necessário enfrentar sua própria vida sozinho; o enfrentamento de questões básicas da vida e da morte para que a vivência seja mais honesta e para que se prenda menos a trivialidades; e, o aprendizado de assumir completamente a responsabilidade pelos seus atos e pelo que acontece em sua vida.

Além disso, regras de conduta dentro e fora do grupo são acordada com os participantes, como a pontualidade e o horário das sessões, a confidenciabilidade, ou seja, o pacto para que o que aconteça e seja dito no grupo continue no grupo, dentre outras. Os grupos podem permitir a entrada de participantes depois de seu início ou não, podem ser breves ou longos, podem ter apenas integrantes do mesmo sexo ou ser misto, como podem ter participantes com o mesmo tipo de sofrimento ou não. A quantidade de participantes também vária de acordo com os objetivos propostos.

As interações sociais quase sempre possuem um efeito benéfico no ser humano, pois ele é gregário por natureza. Só a partir da ajuda mútua que os homens das cavernas puderam sobreviver ao ambiente hostil no qual viviam e, daí em diante as normas sociais foram surgindo e os grupos foram ficando maiores até chegar aos dias atuais.

Ademais com o tamanho da população existente e dos diversos tipos de adoecimento que anda acometendo o ser humano os atendimentos em grupo tornam-se uma ferramenta de extrema importância, pois as vezes faz com que as pessoas melhorem mais rápido que o atendimento individual e possibilitam uma rotatividade maior em um tempo de espera menor para os atendimentos. 

Nem sempre a psicoterapia de grupo deve ser indicada para alguém como início de tratamento, no entanto, em algum momento pode ser interessante; para outros iniciar com a psicoterapia de grupo é uma experiência que transforma a percepção de mundo facilitando as mudanças que sejam necessárias na vida.

Atualmente, muitos grupos de apoio tem surgido para lidar com diversos tipos de assuntos: obesidade, depressão, luto e etc. Grupos de orientação a pais também tem sido utilizados de forma excepcional em diversos serviços pois permitem a identificação do que é comum na criança e diminuem as culpas ao se darem conta de que outros pais também passam pela mesma coisa. 
Tradução Livre:
- Olá! Meu nome é Roberto...  E faz mais de um ano que
não consumo quase nada.



E, você? Já participou de alguma Psicoterapia de Grupo? Se não participou e algum dia for lhe apresentado a possibilidade, experimente! Mudar é sempre bom!





Referências Bibliográficas:
  • Cartwrigt, D.; Dinâmica de grupo: pesquisa e teoria, organizado por Dorwin e Alvin Zander, tradução de Dante Moreira Leite e Miriam L. Moreira Leite. São Paulo, E.P.U.;
  • Yalom, I. D.; Psicoterapia de grupo: teoria e prática, Irvin D. Yalom, Molyn Leszcz, tradução Ronaldo Cataldo Costa, Porto Alegre: Artmed, 2006;

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