quarta-feira, 6 de julho de 2016

A Agressividade na Primeira Infância


Os tempos politicamente corretos e as revoluções sociais e culturais dos últimos cinquenta anos, deixaram alguns pais desesperados frente a assuntos corriqueiros quando se trata de crianças e seus comportamentos. O que quero dizer com isso é que no meio de tanta informação e dicas de como fazer, às vezes os pais parecem ficar sem saber o quê realmente podem e devem fazer. Pois bem, dentre tantos, vamos focar nos anos iniciais entre os dois e cinco anos de idade onde as crianças entram nas escolas, nas creches e passam a circular cada vez mais nos ambientes e, claro, começam a aparecer todas as “inadequações” sociais.

São comuns os encaminhamentos nesta etapa do desenvolvimento para os psicólogos, devido à agressividade que algumas crianças começam a apresentar na escola e no convívio com outras. Mordidas, puxões de cabelo e beliscões são os campeões das discórdias no grupo de mães e pais que adoram mimar os seus filhotes e se sentirem os pais com os melhores filhos do mundo! O que fazer, então, quando os filhos se tornam verdadeiros pestinhas? 

O que muitas vezes os adultos que cuidam de crianças esquecem, é que elas não nasceram sabendo o que é raiva, o que é amor, o que é controle, o que é esperar e etc. Estes pequenos detalhes do nosso cotidiano são aprendidos e apreendidos no convívio com outras pessoas e principalmente com os adultos que cuidam delas. Ou seja, muitas vezes é preciso que os adultos se lembrem de explicar para as crianças que existem outras maneiras de lidar com a raiva, que é aquela coisa quente que a gente sente quando o amiguinho não quer brincar com a gente na hora que a gente quer, por exemplo. Que a gente pode dizer, o quanto a gente fica com raiva porque o amiguinho pegou o nosso brinquedo preferido, ao invés de puxar o cabelo dele para pegar o brinquedo de volta. São pequenos detalhes e de início, elas não fazem por mal, elas apenas sentem e agem. Elas ainda não aprenderam a pensar e elaborar o que estão sentindo para dizer de forma diferente para quem estar ao redor.

Quando os adultos conseguem essa porta de diálogo e não possuem medo de sua própria agressividade, que diferentemente da violência, é necessária para todo ser humano, eles conseguem encontrar sua própria maneira de conversar com as crianças e de ajudá-las a entender o que acontece dentro delas e traduzir aquilo para o mundo de forma mais saudável. Eles com sensibilidade e amor fazem a mediação entre os desejos infantis e as normas culturais, ajudando a construir um mundo melhor, onde as pessoas se entendem e respeitam o que cada uma sente, sem negar o que há de bom e ruim no ser humano e que todo mundo um dia sente.

 Texto escrito em 15 de Junho de 2016 para ser veiculado no Jornal Cidade em Garanhuns.





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