O Canário
Aquiles Porto Alegre
Em um chalet pequeno e rendilhado,
tive um canário, há muito, prisioneiro;
era um pássaro alegre e endiabrado,
que não o dava a peso de dinheiro.
Quando as asas abria no poleiro,
soltava logo o mágico trinado;
e assim passava sempre o dia inteiro,
como se fosse um doido enamorado.
Uma vez, de manhã, o passarinho
espreita para a rua... Com carinho
dois pombos se beijavam no telhado.
Contra a gaiola investe, como um louco!
Geme, agoniza e morre pouco a pouco,
com o peito ferido e ensanguentado!...
- FARACO, S.; Livro dos Bichos. Porto Alegre: L&PM, 1999, p.89
Nenhum comentário:
Postar um comentário