quarta-feira, 16 de março de 2016

Momento Poético: Júlio César Ato III - Cena I (fragmento)

Júlio César ( Ato III - Cena I [fragmento])

(A Morte di Cesare, 1805, de Vincenzo Camuccini)

Antônio: Oh poderoso César! Tão por baixo!
Todas as tuas glórias, as conquistas,
teus espólios e triunfos, a medida
tão pequena ficaram reduzidos?
Adeus! Não sei o que pensais, senhores,
sobre os que ainda devem perder sangue,
por ter sangue demais. Se achais preciso
que eu o derrame, hora não há melhor
do que esta em que deixou de viver César,
nem instrumento que em valor se iguale
ao de vossas espadas, ora ricas
do sangue mais precioso deste mundo.
Suplico-vos, no caso de me terdes
como suspeito, executai o intento
sem perda de um instante, enquanto as rubras
mãos ainda vos fumegam. Se eu vivesse 
mil anos, impossível fora achar-me
tão apto para morte como agora.
Nenhum lugar me agradaria tanto
para morrer, nem gênero de morte,
como junto de César, sendo eu morto
pelos maiores homens de nossa época.



(Shakespeare, W.; Tragédias: Teatro Completo; tradução de Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Agir, 2008. p. 205).

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