Nunca paramos para pensar que sempre estamos perdendo algo, do mais simples como os cabelos, a epiderme, as unhas, bijuterias, sapatos, roupas, móveis, livros, a comida e a água que ingerimos também possui uma parte que é perdida, não sendo aproveitada pelo organismo, até as mais complexas, como a perda de amigos ou familiares por brigas, ou a perda definitiva que ocorre com a morte de entes queridos, inclusive, animais de estimação. Perder é simplesmente algo que acontece na vida.
No entanto, o vazio que fica ao se perder algo ou alguém necessita ser delimitado, escutado, olhado,
para que não consuma aquele que o sente, principalmente nos casos de morte física, a morte real, concreta.
As pessoas brincam dizendo que só damos valor ao que temos quando perdemos e muitas vezes é isso que ocorre mesmo. Porém, se desde pequenos pensássemos a vida como algo frágil e que pode ser perdido a qualquer momento, sem avisos, talvez pudéssemos valorizar o tempo que temos com as pessoas. Mas o ser humano, este ser que acredita em sua invencibilidade, onde tudo pode acontecer com os outros, mas não de sua porta para dentro e que sempre existe tempo... Sempre deixa para depois as mudanças que poderiam ser feitas hoje!
Aí, o que ocorre? Lá vem a dona morte dizendo "oh, gurizada, não ouviram o Einstein? O tempo é relativo". E, ela mexe com toda a nossa adaptação, coloca nossas crenças e ideias de cabeça para baixo. Ela nos surpreende e nos faz pensar e repensar nossas prioridades, como organizamos nosso tempo, como nos relacionamos. Isso é! Quando a gente consegue pensar sobre isso... porque em boa parte a surpresa e a dor é tão grande que embota os sentidos, as emoções... aqueles que perderam apenas fitam o vazio e sentem a saudade que avassala, a saudade que não pode ser "matada"" e as lembranças... ou as reminiscências, de como as coisas poderiam ter sido.
Em uma época onde ser feliz a todo custo é primordial, aqueles que carregam dentro de si a tristeza e a incontestável certeza de que não podem mais modificar o passado, de que não existe mais tempo, tornam-se excluídos e são enxotados para deixarem para trás sua dor e esquecer a morte e aquela pessoa que partiu.
E, aí? Como fica? Como ficam essas pessoas sem o espaço de elaborar os sentimentos de impotência, o sentimento de fragilidade, a culpa e a saudade?
Elas adoecem! Claro! Tudo que precisa ser engolido e digerido a força (leia-se e entenda que falo dos sentimentos) acaba voltando como doença.
É preciso lembrar que a morte faz parte da vida, ou seria a vida que faz parte da morte? E que é preciso ter cuidado, carinho e acolher essas pessoas que sentem tão profundamente e possuem imensa dificuldade em deixar seus entes queridos partirem. Seja dentro de sua própria família, círculo de amizades, ou de forma mais geral na sociedade e nos ambientes da área de saúde.
Portanto, o lugar da perda, da morte é o de poder olhar para a vida de outra forma e talvez, aprender com a morte como valorizar e aproveitar muito mais a vida!
Fica a dica!
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