domingo, 12 de abril de 2015

Caminhada pela Conscientização do Autismo em Garanhuns - 11 de Abril

No dia 02 de Abril todo o mundo ficou azul. Luzes azuis foram acesas, roupas azuis foram tiradas do guarda roupa e desfiladas pelas ruas, tudo isso para chamar a atenção da população para a causa das crianças autistas.

Há algum tempo essas crianças viviam à margem de nossa sociedade. Elas existiam, claro! Mas, estavam escondidas em suas casas, em quartos, algumas vezes até amarradas. Eram tidas como loucas, deficientes... Eram esquecidas... Seus pais não sabiam muito bem o que fazer com elas, pois não havia voz, não havia olhar, não havia interação da parte delas, existia agressividade, gestos estranhos, como andar na ponta dos pés, ou ficar girando e girando, balançando as mãos, fixação por determinados objetos, a utilização das mãos dos pais ou de qualquer outra pessoa como se fosse um objeto. Eram tidas como estranhas, mal educadas, incontroláveis e por isso mesmo eram guardadas a sete chaves. Eram um estigma para toda a família. 

Era assim em Garanhuns, interior de Pernambuco, era assim em muitos outros locais e para muitas outras famílias. No entanto, como é bom observar a mudança que lentamente está ocorrendo e a busca pela melhoria da qualidade de vida e das interações destas crianças. 

Em Garanhuns, do dia 02 ao dia 11 de Abril do corrente ano, houve a Semana do Autismo, uma semana para conscientizar e abrir os olhos da sociedade para estas crianças e seus familiares. Organizada e encabeçada por uma mãe que luta por seu filho e seus direitos, que luta por outras mães e outras crianças, a semana é organizada para que a população receba panfletos informando sobre o que é o autismo e flores azuis entregues no primeiro e último dia da ação. A organizadora percorre as escolas explicando, clareando e informando pais e professores sobre estas crianças e a vida do cuidador de um anjo, como muitas crianças com autismo e outras deficiências são chamadas.

A semana ocorre há cinco anos, já a caminhada estava em seu segundo ano. No, entanto, achei muito interessante observar que quase metade dos caminhantes eram de cidades vizinhas, que vieram apoiar a causa; assim como a quantidade de professores e agentes da educação que marcaram sua presença, além é claro, de alguns pais e familiares destas crianças e, inclusive, algumas dessas crianças. Senti falta dos profissionais da área de saúde, pois além da educação, estas crianças também precisam do suporte que os psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais,  pediatras, neuropediatras, podem oferecer. Não só na assistência diária, dando suporte e buscando soluções para os problemas físicos e emocionais que estas crianças possuem como também na luta pelos direitos e igualdade frente a sociedade. Um diálogo entre todos aqueles que cuidam destas crianças quando não se encontram dentro de uma mesma instituição é deverás complicado de conseguir com todos ocupados com suas agendas individuais e deveres da vida diária, mas é complicado e não utópico. Espero que este espaço para o diálogo possa ser aberto em breve dentro da cidade de Garanhuns.

Assim como é de extrema importância que estes cuidadores também possam ser cuidados, ouvidos e apoiados em sua lida. Lembramos sempre de falar daqueles que necessitam dos cuidados imediatos, mas se os cuidadores não forem cuidados, chegará uma hora que eles estarão cansados, desanimados, exaustos e terão dificuldades em conciliar o crescimento de suas próprias vidas e seus deveres de cuidadores e então, eles também adoecerão. 

A caminhada demonstrou o quanto estas pessoas podem se unir, o quanto elas podem provocar a sociedade, ao passar com suas blusas azuis e distribuir suas flores azuis, seu carro de som chamando e dando bom dia, debaixo do sol quente, quase uma hora de caminhada, por ruas importantes da cidade. Portanto, que mais uniões possam ser feitas, pois o apoio, o braço a braço ajuda a construir um mundo melhor, ajuda a suportar e superar os desafios da vida. Que as uniões possam ser feitas não apenas no dia 02 de abril ou em uma semana do autismo, mas que ela seja feita todos os dias, todas as horas, por todos nós!

Deixo os meus parabéns a organizadora, Rennata Amorim e a sua equipe que lhe sustentou, ajudou e apoiou durante o evento.

Alguns momentos:


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