quarta-feira, 27 de maio de 2015

Momento Poético - Equilibrista



A vida...
Um fio de aço no espaço
Tente encontrar a saída
Não podes perder o compasso
O cinto de segurança
Apenas um laço
Invisível
Frágil
Imperceptível
Contornando tua cintura
E lá das alturas
O perigo a te ameaçar
Mas continue a tentar
Do outro lado precisas chegar
Caminhe sem olhar para baixo
Correndo mil riscos no espaço
E um após o outro
Vá dando teus passos
Treme o fio de aço
Chuvas, depois tempestades
Mas não percas a coragem
Porque ainda virá o vendaval
E terás que trilhar teu caminho normal
Exiba-se como equilibrista
Trocando os pés
Um de cada vez
Com classe
Com a maior elegância

Com constância
Imune aos perigos
O segredo, é para baixo não olhar
O risco, é desequilibrar
A vitória, é o outro lado alcançar.

Silvana Duboc

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Momento poético - Balada do Amor Através das Idades

Boa noite, pessoal!

A arte e os sentimentos caminham juntos. Muitas vezes não conseguimos expressar aquilo que sentimos com palavras objetivas. Então, músicas, filmes, poesias, livros, quadros, dentre outras formas de arte, expressam tudo aquilo que não conseguimos pôr em palavras. Tomamos emprestados de outros meios para falar dos sentimentos, das dores, das alegrias.

Por isso, nada melhor do que compartilhar com vocês algumas poesias que fui encontrando pelo caminho, desde de poetas conhecidos e daqueles desconhecidos que estão no início de suas jornadas. Deixo inclusive aberto aqueles que quiserem compartilhar de seus escritos este espaço, seja nos comentários, ou em postagens próprias (se quiserem! Mandem e-mail para rosariocamarapsi@gmail.com, com o nome que querem como assinatura, título e lógico a poesia).

As quartas serão, a partir de hoje, um momento poético! Espero que gostem! 

Comecemos com Carlos Drummond de Andrade:

Balada do Amor através das Idades
Amor Platônico - Tenini

Eu te gosto, você me gosta
 desde tempos imemoriais.
 Eu era grego, você troiana,
 troiana mas não Helena.
 Saí do cavalo de pau
 para matar seu irmão.
 Matei, brigámos, morremos.

 Virei soldado romano,
 perseguidor de cristãos.
 Na porta da catacumba
 encontrei-te novamente.
 Mas quando vi você nua
 caída na areia do circo
 e o leão que vinha vindo,
 dei um pulo desesperado
 e o leão comeu nós dois.

 Depois fui pirata mouro,
 flagelo da Tripolitânia.
 Toquei fogo na fragata
 onde você se escondia
 da fúria de meu bergantim.
 Mas quando ia te pegar
 e te fazer minha escrava,
 você fez o sinal-da-cruz
 e rasgou o peito a punhal...
 Me suicidei também.

 Depois (tempos mais amenos)
 fui cortesão de Versailles,
 espirituoso e devasso.
 Você cismou de ser freira...
 Pulei muro de convento
 mas complicações políticas
 nos levaram à guilhotina.

 Hoje sou moço moderno,
 remo, pulo, danço, boxo,
 tenho dinheiro no banco.
 Você é uma loura notável,
 boxa, dança, pula, rema.
 Seu pai é que não faz gosto.
 Mas depois de mil peripécias,
 eu, herói da Paramount,
 te abraço, beijo e casamos.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Alguma Poesia'